Na Ilha da Cotinga, indígenas aprendem dois idiomas para evitar choque cultural
Da Agência Brasil
Na Ilha da Cotinga, em Paranaguá, 14 crianças estão sendo alfabetizadas em dois idiomas, o português e o guarani. No local, de importância histórica, onde os colonizadores portugueses fizeram o primeiro contato com os índios Carijó no Paraná, em 1524, vivem atualmente 12 famílias indígenas que sobrevivem da venda de artesanato.
A educação na ilha é de responsabilidade do Departamento da Diversidade da Secretaria de Estado da Educação. Segundo a coordenadora da área, Cristina Cremoneze, no estado há 35 escolas de educação indígena que atendem aproximadamente 3 mil estudantes.
O filho do cacique da aldeia, Dionísio Rodrigues - ou Kuaray, seu nome indígena -, conta que, antigamente, quando iam para a cidade sem estar preparados, os guarani desistiam de estudar devido ao choque cultural. Segundo ele, na ilha, os professores não apenas ensinam, mas também aprendem o jeito de ser e os costumes indígenas.
Segundo Cristina Cremoneze, as políticas públicas de inclusão permitem não só a preservação da cultura do povo indígena, mas também o respeito à diversidade. O governo possibilita a formação de professores indígenas que, após concluírem o curso do magistério, exercem a profissão nas próprias aldeias.
A professora Vânia Lúcia e a pedagoga Dinai Raquel contam que chegam à ilha diariamente com a preocupação de "deixar no continente as coisas que são do continente". E garantem que quem vem trabalhar nas ilhas não quer mais sair porque o envolvimento é muito grande.
A maioria das aulas é dada ao ar livre, aproveitando a riqueza local para fazer o casamento entre conhecimentos universais e as tradições do povo indígena.
Na escola local, por enquanto, só existem as primeiras quatro séries do ensino fundamental. Kuaray reclama da dificuldade dos alunos em continuar os estudos porque têm que sair da ilha.
- Há 200 anos não deixávamos o povo branco entrar em nossas terras. Hoje, sabemos o valor do conhecimento, temos que conhecer nossos direitos.
Na aldeia há um sentimento forte de autoridade e de organização. Kuaray, por exemplo, proibiu a reportagem de fazer fotos e filmar, alegando que essa autorização só poderia ser dada pelo cacique, que não estava no local.
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